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Vem confabular aqui

A infidelidade da felicidade

  • Foto do escritor: Emanuel Moraes
    Emanuel Moraes
  • 11 de jun. de 2014
  • 7 min de leitura

felicidade - definição

fe.li.ci.da.de sf (lat felicitate) 1 Estado de quem é feliz. 2 Ventura. 3 Bem-estar, contentamento. 4 Bom resultado, bom êxito. F. eterna: bem-aventurança.

Ultimamente andei me deparando com inúmeras histórias de infidelidade. Ninguém escapa de um dia, ao menos, pensar no assunto traição. Existem vários tipos de traições que uma pessoa pode sofrer. Ou até mesmo cometer. Mas vamos nos focar na que envolve os relacionamentos amorosos. Aquelas traições que geram destruições em massa e vinganças passionais. Então eu fiquei pensando: Qual o motivo dessas pessoas perderem tudo o que tem por um caso? Por que essas pessoas não voltam a serem solteiras? Caso elas sejam felizes com os seus parceiros, porque vão atrás de outros? Como essas pessoas conseguem ser felizes vivendo uma enorme mentira?

Pois bem, fui atrás de histórias e vista por diferentes ângulos. De quem já foi traído. De quem já traiu. E de quem foi o outro na história.


Os traídos


Em uma conversa com uma antiga amiga, vamos chama-la de “falsária” e vocês saberão o porquê, ela me relatou uma história um tanto inusitada. Um tanto psicótica. Na época que ainda estava namorando o atual marido, eles estavam passando por uma pequena crise e ela, desconfiada pela distância e a forma que ele a tratava, fez um perfil falso no extinto Orkut. Escolheu uma foto de uma menina aleatoriamente, adicionou algumas pessoas, criou alguns álbuns e montou toda a mentira. Como ela mesma me disse, o namorado na época nem sabia mexer direito em redes sociais, então nem se ligava em dia de postagem de fotos e essas coisas óbvias que verificamos se tratando de internet. Acontece que ELE mordeu a isca. Começou a dar bola para a garota “falsa”, falou que tinha namorada e que estavam passando por dificuldades e que queria terminar. A “falsária” começou a pressioná-lo, dizendo para ele largá-la e ir morar na cidade dela – localizada em uma cidade vizinha – falava que era de família rica e que o pai dela poderia arranjar um trabalho para ele. O desfecho? Ele pediu quinze dias para “a falsária” para terminar com a namorada e eles poderem ficar juntos. Sim, eu sei o que vocês estão pensando “Mas que cara jumento ‘senhô amadu’”. Minha amiga neste momento imprimiu todas as conversas e foi na casa dele, que na época morava com toda a família, e fez o maior barraco, mostrou as conversas dele com “a falsária” pelo MSN e terminou com ele. Detalhe, ela não contou que ela era quem estava por trás do perfil falso, disse que havia descoberto a senha do MSN e viu a conversa. Não sei se ela é muito esperta ou ele que é muito tonto. Pois bem, ela só voltou com ele depois de muito chororô e pedidos da mãe dele que ela fosse atrás pelo menos para conversarem. A minha amiga disse que a melhor coisa foi vê-lo praticamente destruído no quarto dele abraçado com uma foto dos dois, naquela cena depressiva de filme. Voltaram. Anos depois se casaram. Separaram-se por um ano depois. E agora estão de volta firme e forte. Novela mexicana não bate essa história.

Eu perguntei qual foi o motivo para ela ter perdoado ele e como estava a confiança no relacionamento hoje. Não soube explicar um motivo concreto, deu algumas voltas, mas pelo o que me foi dito, entendi que o sentimento que tem é maior que aquele caso de uma possível traição definitiva – que só não foi aos devidos fatos por não ser real. Ela o perdoou, mas não esqueceu, sempre tem consciência de que uma confiança completa e cega não existe na relação dos dois. Dá certo pelo amor ser mais forte do que a desconfiança, mas se fosse ao contrário, uma desconfiança descontrolada maior que o amor, ela diz que nunca manteria o relacionamento.

Ela me contou uma história de um casal de amigos, casados e esperando um filho, que o marido traiu a esposa e agora ela não o deixa nem ir à esquina sem dar satisfação. Minha amiga disse que não saberia qual seria a reação dela com uma traição estando no casamento, que é muito relativo e uma situação totalmente diferente, mas se fosse chegar a uma desconfiança incontrolável, separaria sem ao menos pensar.

Mas eu me pergunto. Será que vale a pena mesmo seguir em frente? Vale a pena olhar para o rosto daquela pessoa sabendo de tudo o que aconteceu? Sabendo que um dia o respeito foi dilacerado? Até em que momento o amor tapa aquele buraquinho? E se um dia destampar? Não dá medo viver em cima dessa corda tão frágil?


Os traidores.


Procurei saber o que se passa na cabeça de alguém para trair a pessoa em que está em um relacionamento sério, não a história em si da traição, mas sim os “porquês”. A “Falsária” da história anterior, contou-me algumas histórias que aconteceram antes de começar a namorar o atual marido. Ela admitiu que não se importava com nada naquela época, se gostasse de alguém não se restringia em se importar com a pessoa que poderia estar em um relacionamento com ela. Eu já era amigo dela na adolescência e ela realmente era extremamente cogitada pelos garotos, e realmente não se importava com seus atos. Simplesmente ficava sem pensar muito. Ela só se importava quando os namorados terminavam com ela quando descobriam, pelo fato de perder algo que era de domínio dela, pelo o que pude entender. A velha história de dar valor quando perde. Mas logo seguia para a outra. Isso quando se é muito jovem e não pensa em nada mesmo. Perguntei se ela sentia alguma culpa hoje por aquela época, ou se mudaria alguma coisa. “Mudar não, pois me fez ser quem eu sou hoje e eu aprendi muito com aquela fase louca. Mas eu sinto pena daquela menina, pois ela levou tombos que não foram necessários, e também fez coisas que não precisaram serem feitas para eu poder ser quem sou hoje. Mas tudo foi um aprendizado. Sei lá.”.

Conversei com um amigo, empresário de 28 anos e que namora há quatro, o tipo de cara boa pinta e que deixa as mulheres aos seus pés. Perguntei se ele sentiu vontade de trair a atual ou qualquer outra namorada, e se chegou a realmente acontecer. Ele disse que sim, com a maior naturalidade como se estivesse respondendo se queria açúcar no café, porém não me disse em que época e com quem, mas que é quase um desejo de necessidade. De ser algo novo, para sentir aquela vibração nova e perigosa do desconhecido, sair da mesmice do relacionamento principal. Perguntei se ele amava a namorada que ele traiu e se ele não sentiu remorso, ele disse sim para as suas questões, mas desta vez eu senti a voz tremer, como se relembrar o incomoda-se. Ele falou que amou incondicionalmente a namorada que traiu, e que ela era a paixão da vida dele, sentia remorso depois da traição, mas pensava dela somente depois de traí-la. Então, na última pergunta, eu disse: Não seria melhor se separar? Talvez a traição possa ser um sinal de que o relacionamento não dá mais certo. A resposta veio firme: “Nunca! Eu a amava. Não queria perde-la, ela era minha”.

Fico pensando se o fato de amar é apenas uma questão de propriedade para algumas pessoas. Pode ser que o fato de ter alguém sempre a sua espera seja reconfortante, por isso muitos casais não se separam, sendo os traidores ou os traídos. Mas é saudável? Ou melhor. É necessário?


Os outros.


Às vezes somos os outros e nem sabemos, podemos ficar com alguém uma única noite e nem saber se aquela pessoa é comprometida ou não. Mas uma amiga conversou comigo sobre um caso que ela teve com um cara que tinha namorada. Eles sempre ficavam escondidos durante um tempo, era um cara que ela sempre havia o achado charmoso e interessante, não hesitou em nenhum segundo ao convite dele. Não durou muito. Mas eu perguntei se ela não pensava na outra menina, na que o cara namorava, e se ele mesmo não falava sobre. Ela me disse que pensava, mas não a conhecia, então não ligava muito na época. O menino comentou uma vez, falando que eles estavam passando por problemas no relacionamento.

Eu já passei por isto também, e só o que posso dizer é que eu nunca mais farei algo do tipo, foi uma coisa de momento e que depois me senti um lixo. Era como se eu estivesse com uma consciência que a pessoa que estava comigo deveria ter pelo seu relacionamento. Só de lembrar me dá calafrios. Para mim foi um acontecimento totalmente incômodo e totalmente fora dos meus princípios, mas quando se é jovem não temos algum. É o que me conforta hoje.

Perguntei à minha amiga se ela trairia o atual namorado. Ela disse que não, que nunca faria com ele o que não queria que fizesse com ela. Mas eu penso, será que não é um pouco hipócrita não trair, mas ajudar outro a trair, por mais que você seja solteiro? Será que essa também não é uma forma de traição? Eu senti como se estivesse traindo. E pior, senti que estava traindo a mim mesmo e aos meus princípios. Depois do que aconteceu, senti que eu faltei o respeito comigo mesmo, apesar de “hipoteticamente” não estar fazendo nada de errado. Afinal eu estava solteiro. Mas para mim era errado.


Portanto, contanto e no entanto...


Todos com quem eu conversei falaram que não perdoaria logo de cara, mas conforme fomos conversando, elas começaram a ponderam as situações e os sentimentos que estavam em jogo. “Quem sabe?” virou a resposta da vez. O que pude ver de todas as história e visões é que, apesar das traições, o sentimento verdadeiro pela pessoa está lá. Mas é como se “naquele momento”, ele fosse dar uma voltinha e assistir um filminho no cinema. Mas quando volta, ele pesa dentro de nós, pois sempre volta carregado de culpa, demore o tempo que for. Seja ele o amor que sentimos por alguém ou o nosso amor próprio.

Então qual o motivo de ter uma aventura que lhe dará um prazer momentâneo? Somos iguais à maioria dos animais que se acasalam com inúmeros parceiros? Podemos ser tão mesquinhos que sempre vamos arranjar uma desculpa irracional para estes atos? Será que a falta de respeito não é nada comparado ao amor? E que amor? Que tipo de amor é esse que prefere perdoar tudo e até que ponto? Amor não tem limite? Qual o preço da felicidade e o que significa ser feliz em um relacionamento? Chegamos ao ponto de sermos infiéis com a nossa própria felicidade?

Seja lá qual forem às respostas para as inúmeras perguntas, quando se trata de relacionamento, estaremos sempre andando nesse barbante fino e frágil. E todos concordam que todo cuidado é pouco e que, principalmente, o respeito é fundamental.

 
 
 

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