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Vem confabular aqui

Caindo no abismo.

  • Foto do escritor: Emanuel Moraes
    Emanuel Moraes
  • 6 de nov. de 2015
  • 6 min de leitura


Já sentiu que você está em uma queda livre, cada vez mais chegando perto do chão, mas de alguma maneira você nunca chega até ele? Você flutua em segundos eternos.


Essa é a sensação que eu tive nos últimos meses. A sensação de viver com um sopro de que nada está certo, de olhar no espelho e não entender quem está naquela imagem, de se perder completamente dentro de você. Mas sorrir, afinal, você ainda está vivo. Precisa mostrar para todos que está vivo, pois todos precisam que você mantenha o rosto perfeito e intacto. Você precisa disso para se lembrar de que está vivo, também. E você fica repassando tudo em sua mente, e possuí a consciência de que existem acontecimentos muito piores e que você é abençoado por tudo o que tem. Mas então porque não se sente assim? Porque a sensação de superação não consegue se expandir além da consciência de sua existência?


Toda vez que eu abri os olhos de uns bons tempos até agora, eu fui sendo consumido lentamente por uma depressão faminta. Mas ela foi me guardando, por mais que a sua fome fosse gigantesca, ela foi mordiscando aos poucos e não acabando de vez com a sua refeição. E eu fui deixando. Na realidade eu não quis perceber, pois ninguém acha que isso um dia pode acontecer, além do mais, eu sempre fui o tipo de pessoa que nunca poderia se quer pensar em ter depressão. Logo eu, o senhor “Tudo Vai Ficar Bem”? Não, eu nunca iria imaginar que não sentir vontade de levantar e encarar o mundo seria, na verdade – inconscientemente –, que eu estava desistindo de pouquinho em pouquinho. Para quem nunca desistiu de nada e sempre deu um jeito de ter tudo o que sempre quis, eu não estava familiarizado com essa sensação de desistência.


Eu não consigo explicar. Sei que alguns até poderão pensar que isso é coisa de gente desocupada, de pessoas fracas, de pessoas que não possuem um Deus no coração. Lamento informar, mas eu não me encaixo em nenhuma dessas opções. Mas eu entendo o pensamento, pois antes eu pensava o mesmo das pessoas que entravam em depressão. Acho que eu posso estar chocando alguns leitores-amigos-família com este post, afinal, estou sempre sorrindo e tendo uma vida social agitada. Leia-se: Afinal estou sempre me forçando a sorrir e me obrigando a sair de casa para não enlouquecer comigo mesmo. Eu realmente posso ser chato com meus próprios pensamentos. Quem nunca discutiu consigo mesmo, não sabe o que é um bate-boca épico. Os meus deveriam entrar para os anais da historia mundial. É sério!


Eu não sei dizer quando aconteceu. Todo mundo tem um momento em que se perde de si mesmo. Eu tive vários e sempre encontrei o caminho de volta. Mas desta vez, foi um pouco difícil de voltar. O meu caminho de volta era me olhar no espelho e dizer para o reflexo em minha frente parar de sentir pena de si mesmo, dizer que eu já enfrentei e venci todo tipo de gente e situações ruins, que eu sempre consigo me reerguer. Mas não bastou e eu continuei a cair. E nesse precipício, não é algo escuro, você está lúcido e vendo tudo ao seu redor se mover, se transformar, e você apenas passa por tudo. Pois você não faz parte de nada daquilo. Parece que você vive em uma queda livre sem fim. Meus Deus, eu pensei que eu nunca iria conseguir sair desse loop.


De início você não liga, mas depois, com sorte, percebe que a visão magnifica e a sensação mascarada de liberdade são uma fraude criada por você. Alguns não possuem essa sorte, a da percepção. Alguns desistem de cair eternamente, esperando o bendito chão que não chega logo. Então fazem alguma coisa para parar de cair.


Como na música da Legião Urbana “Nem desistir, nem tentar, agora tanto faz...”.


Em algum momento deixamos de nos importar. Eu quase deixei de me importar.


Nós tentamos de qualquer forma sair desse transe hiper-realístico, numa batalha interna sem fim ao encontro de si próprio. Como eu saio disso? Eu não posso voar. Não há nada por perto para me segurar. Não há ninguém que possa me salvar. O que eu vou fazer além de cair? Chega um momento que começa a desejar poder, enfim, se “estabanar” de cara naquele chão duro e frio. Pelo menos aquilo chegaria ao fim.


Não estou contando isso para causar comoção e solidariedade por alguns, sou do tipo que sempre passo por tudo sozinho e tenho força suficiente para me reerguer com as próprias pernas. Pode demorar, mas eu consigo. Mas existem pessoas que não conseguem, não por serem fracas, mas porque se esconderam demais para conseguirem se encontrar sozinhas. Ás vezes você que está lendo está passando pelo o que passei, ou conhece alguém que está passando por essa perda terrível, pois é uma perda. A pessoa se perde completamente. Eu espero que lendo isso, sabendo que eu sei o que está passando e vendo que estou bem, não te deixe para baixo pensando que nunca irá conseguir, mas que você consegue.


E se você conhece alguém passando por isso, ajude essa pessoa, mas não a submetendo a insultos, obrigando-a fazer coisas que ela não queira como se fosse uma preguiça normal do dia a dia. Isso é uma doença poderosa e a causa são inúmeras, precisa de um acompanhamento médico, precisa de todo amor e compreensão necessária das pessoas que estão a sua volta. Não deixe pra lá. Não trate como bobeira. Até mesmo aquela pessoa extremamente sorridente ao seu lado pode estar querendo explodir tudo em segundos. Eu mesmo mentalmente já explodi o mundo um milhão de vezes. É bem legal, viu...


Quando eu percebi que toda aquela queda fora criada por mim mesmo, eu me deixei cair e tombar de cara no chão. Eu percebi o que deveria acontecer. Não interrompi minha queda ou tentei me segurar ou bolar planos mirabolantes para voltar onde estava. Eu aceitei que nunca mais irei voltar para onde estava, a ter o que eu tinha. Que algumas coisas e pessoas nunca irão mais voltar. E que eu não quero mais voltar para lá. Quero seguir em frente, acho que essa era a causa de tudo. E quando eu percebi isso, aceitei uma nova pessoa e que eu posso ter uma – de certa forma – nova vida, quando eu aceitei que a minha vida é inestimável e me lembrei de que possuo a força para levantar... Eu senti o gosto da terra. Eu levantei, grato por sentir todo peso do meu corpo, e agora estou caminhando. Finalmente caminhando.


Eu sei que eu posso cair novamente, de pequenos degraus ou de enormes montanhas, mas eu nunca vou esquecer que tudo tem seu tempo e que eu sou capaz de sobreviver. E você, seja qual obstáculo esteja passando, também é. Não sei se você foi desanimando com tudo, ou se perdeu alguém muito importante, ou se todo o santo dia parece que o mundo tira um pouquinho de você ou uma mistura de tudo isso. MAS NÃO DESISTA. Eu sei que parece que nada se encaixa, eu entendo que os dias ruins estão superando os bons, sei que as pessoas que você deveria sentir um amor incondicional parecem estranhas para você. Eu sei. EU SEI. Mas não desista. Por mim. Pois, por você, seja quem for, eu não desisti. Pois se eu te conheço eu pensei em você e o quanto eu queria te ver novamente, caso não te conheça, eu ainda tenho a oportunidade de conhecer.


Parece um texto muito auto ajuda, recheado de clichês bobinhos, mas espero que de alguma forma ajude. Para mim é mais um livro que estou colocando fim em minha vida. Mais uma lição. Na próxima eu uso um parapente e flutuo para bem longe, curtindo a vista e conhecendo outros lugares até colocar os pés no chão. Assim espero, pelo menos. Vai ser bacana a próxima queda, vou sair jogando confete hahahaha.


Não estamos livres de quedas, mas ás vezes achamos que um grão de areia é uma gigantesca montanha.


A depressão é uma doença que atinge milhões de pessoas no mundo, o índice de mortes pela depressão aumenta a cada ano. Entre no link do site do Drº Drauzio Varella para saber mais sobre o assunto.


http://drauziovarella.com.br/letras/d/depressao/


Vou fazer a propaganda de shampoo agora e dizer:

Por que você vale muito! =D

 
 
 

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