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Vem confabular aqui

Você precisa dessa confusão toda.



Queria dizer que conforme vamos vivendo, e aprendendo a cada passo, tudo vai se tornando mais fácil, descomplicado, vamos conseguindo desenrolar o emaranhado de inúmeros fios que nos tornamos. Mas não seria verdade. A verdade, pura e cristalina, pronta e segura para ser bebida, é que tudo vai se complicando ainda mais.


Vamos criando mais fios, e isso era de se esperar, mas pensamos que nesse ponto da caminhada conseguiríamos administrar melhor onde cada um tem que ficar, não misturar os novos com os velhos e embolados, que estamos tentado dar um jeito já faz algum tempo. Só que é uma tarefa quase impossível, a de não misturar os fios da vida, quando paramos de prestar atenção em um – VRUÁÁÁÁ – mais três foram puxados para a enorme bola. Foi sem querer. Nem sabemos ao certo como foi acontecer, mas tudo começa a se misturar e ficar confuso. Assim, de repente.


Em determinado momento, sentamos em frente àquela bola gigantesca e pensamos: Será que vale a pena continuar a tentar desmontar?


Eu não posso te garantir que, se você continuar tentando, irá conseguir um dia desemaranhar todos os fios e colocá-los onde bem entender. Mas eu pergunto: Você não está vivo? Desta maneira, todo enrolado, você não continua vivo? Capaz de correr atrás dos seus objetivos? Capaz de enxergar além da autopiedade diária cheia de conformismo? Capaz... Apenas capaz. Você não é capaz, apesar de tudo?


Talvez. Apenas talvez, essa bola esteja aí por algum motivo. Talvez seja para ser assim, tudo enrolado mesmo e um tanto sem nexo, um amontoado colorido que a cada dia vai se tornando maior, mas que de alguma forma, sabemos como lidar. E se conseguirmos retirar cada um dos fios? E se esticarmos todos? O que fazer depois? Onde conectá-los? Para quê vão servir?

Talvez. Apenas talvez, precisamos de uma bola emaranhada para sobreviver. Pois cada fio, cada bendito fio que tentamos avidamente tirar um do outro, precise estar desta maneira, conectados, para nos mantermos vivos. Até aqueles que pensamos não precisar, estes podem ser o que mais precisamos.


Quem sabe esteja na hora de parar. Mas é difícil, não é mesmo? Perceber que tudo o que você fez a vida toda, não tem mais propósito algum. Que agora você precisa arranjar outro rumo, outra meta, ter um novo olhar sobre algo que você pensou conhecer tão bem. Você precisa mudar a si mesmo, sem mexer na bola de fios. Pois ela vai mudando conforme você muda. Ela se vira.


Então talvez, apenas talvez, sejamos feitos para sermos confusos. E se pararmos de usar um pouco toda a nossa atenção para essa confusão natural e necessária, consigamos enxergar através da bola, conseguindo, enfim, seguir em frente. Sem distrações.

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