Coluna: Eu Não Tenho Mais Idade Para Isso - Show Miley Cyrus

Emanuel Moraes
1 de out. de 2014
6 min de leitura

Já parou para pensar que mudamos de opinião e gosto em um piscar de olhos?

Ás vezes nem percebemos que não gostamos mais de algumas coisas ou que passamos a gostar de outras, como por exemplo eu: hoje em dia não gosto mais de carne vermelha e gosto de mostarda e queijo, coisas essas que antigamente detestava.

Então para começar esta nova coluna, eu relatarei uma das minhas últimas experiências em que percebi que eu não tenho mais idade para passar. No começo do mês de Setembro (2014) eu resolvi participar de um concurso que havia visto no Facebook de uma empresa de excursões (A Amplitur - foda e fofa), era para concorrer a um ingresso e uma viagem com tudo pago para o show da Miley Cyrus em São Paulo. Eu ganhei, nunca ganhei nem balinha daquelas de um centavo, ganhei um show internacional tudo pago. CAGADA PURA MEXXMO. E então, depois de passar uma semana após descobrir que eu havia ganhado me preparando psicologicamente para a ocasião, lá fui eu para o perrengue que eu já sabia que iria passar. E não adianta você falar “Nossa que bobo, ganhou e ainda está reclamando”, você já vai entender o meu desespero. Aqui é macaco velho, já sabia tudo o que iria passar. Mas eu fui mesmo assim, acho que é por eu gostar de sofrer. Só pode.

Como de graça levamos até injeção na testa, não tinha como eu não aceitar ir, afinal era o show da fucking Miley Bitches. Mas não tenho mais paciência para muitas coisas, como pegar uma excursão com um monte de gente que não conheço – a maioria adolescentes e fãs fanáticos e enlouquecidos – acordar cedo e passar horas de viagem para voltar no mesmo dia e passar mais horas de viagem.

O problema é que além de acordar às 5 da manhã para pegar o ônibus da excursão as 7 e pouco, passar 6 horas de viagem, é que chegamos quase duas horas da tarde em São Paulo. Qual o problema disso? Uma coisa chamada fila. E com um agravante chamado chuva-pra-caraleo, algo que não acontecia há meses na cidade de São Paulo, mas naquele dia resolveu caiu um dilúvio. Por que sim.

Para os fãs enlouquecidos aquilo ali era festa, divertimento puro e zuação para contar e fazer inveja pras inimigas que não foram. Ai que absurdo ai que badalo. Eu sei bem como é isso, eu já fiz essas loucuras milhares de vezes, mas eu tinha 17 anos. Para mim, agora com 25, estava numa fila com um monte de gente louca e desvairada, parecendo um pinguim plastificado com aquela capa de chuva colando na minha pele. Meu tênis encharcou de uma forma, que em dado momento, eu não conseguia sentir mais o chão por parecer que eu estava nadando dentro do calçado. Eu não estou brincando. Os portões só abriram ás 15 horas.

Eu estava me sentido extremamente deslocado da minha vida atual...

O Show de abertura com a banda A Liga começou às 20 horas – que por sinal eu não conhecia mas é ótima, pelo simples fato de tocarem músicas fodas e principalmente por lançarem um golfinho de ar para a galera ficar jogando pra lá e pra cá –, até esse horário eu fiquei em baixo de uma tenda que vendia bebidas revezando um bloco de concreto que segurava a barraca com a menina que eu conheci na excursão para podermos sentar um pouquinho. OS MEUS DEDOS DAS MÃOS ENRRUGARAM COM TANTA CHUVA. ENR-RU-GA-RAM!!!!!

Eu definitivamente passei do tempo e da vibe de ficar hooorasss em fila. Não sinto necessidade de ficar perto de artista seja ele quem for, larguei mão de ficar no meio de povão levando dedada em tudo quando é lugar só para não perder meu lugar perto do palco. Entendem? De ficar cheirando as axilas alheias. De levar porrada na cabeça pelo cotovelos de terceiros. Acho que é por eu não ter mais ídolos. Vai ter muita gente que vai me odiar por estar falando essas coisas e dizer “Ai você não sabe como é amar alguém como eu amo fulano de tals, você não se identifica e bla bla bla bla ZZZZZZZZZZZzzzZZZzzzz”. Cara, sinceramente? NÃO MESMO. E sabe por quê? Eu cresci. Amadureci. Minha vida não gira em torno de uma pessoa que não me conhece e que não faz parte da minha vida fisicamente. Amo as músicas e trabalhos dos artistas que eu admiro, mas eu – repito – EU não sou mais assim de idolatrar qualquer que seja a imagem que tentam me vender. Cara, eu não tenho nem uma marca de roupas preferida, imagina se eu vou idolatrar outro ser humano que eu nem sei a verdade sobre a vida que ele tem, apenas o que ele e a mídia mostra. Eu hein.

HUmmm, poderoso:

REI DO CAMAROTE. Aceita que dói menos.

Mas o show foi perfeito, Miley canta muito bem e é simplesmente um acontecimento no palco e eu me emocionei por eu ter crescido com ela quando fazia Hannah Montana. Sim eu assistia e assisto até hoje, supera essa universo #bjosdeluz.

Se eu tivesse chego somente na hora do show e eu pudesse ter a oportunidade de ver sentado, em uma arquibancada por exemplo, SERIA PERFEITO. É serio, antigamente eu não entendia as pessoas que diziam que iriam ver um show sentadas. Pessoas que diziam que gostavam de verem shows sentadas, hoje eu entendo vocês suas fofas. E não é que eu não ligue para cantores, ou que só assista shows em que eu estiver em lugares totalmente confortáveis, até porque chega a ser uma utopia. Mas essa coisa de chegar horas antes e passar perrengue, pfv, jamais será novamente em minha vida.

No ônibus eu tive que ouvir um menino dizendo que estava na fila faziam 3 dias acampando e sem tomar banho. Gente. GENTE! GEN-TE! Pra que??? Sabe... MÉW DÉWS, MÉWS JÉXUS, MÉWS POKÉMONS sabe...

DesneceCYRUS... Entendenderam? Hãn? Hãn? hahahah aaaai aaiii.. tcs

Não me levem a mal, não que eu não goste de folia, de me divertir tanto que vai parecer que o mundo vai acabar no outro dia. Pois quem me conhece sabe que eu amo uma fexxtaaa hahahaha (Carinha de diabinho). Eu amo carnaval e pego chuva fááácil atrás do trio elétrico (adooorooo), mas a vibe é outra, a festa é totalmente diferente. Principalmente a parte que você vai embora e chega em casa alguns minutos depois e toma um banho quente e lindo. A realidade é que não estou nem aí para o trio, e sim para a vibe das pessoas que estarão comigo e a música. A experiência da festa em si, não para quem está cantando. Sim eu não tenho mais saco para enfrentar fila em eventos. Eu tenho 25 anos, não sou tão velho, mas também não tenho mais 16 anos e penso que o mundo é uma eterna aventura e que eu preciso conhecer cada canto dela. Pois eu sei que ela vai me ensinar querendo ou não.

Love, Money, Party;

Tudo na nossa vida tem um tempo. Tem gente que tem 30 anos e adora passar esses perrengues loucos ainda. E quem sou eu para dizer que estão errados?

O pior da viagem? Voltar para o ônibus encharcado. Sentir o cheiro de todo mundo de gato molhado, chegar em Curitiba, tomar um banho e ir direto para a minha aula de MBA que, por sinal, fiquei apenas um período assistindo.

Mas, sabe de uma coisa, foi uma experiência foda e única. Sim, FO-DA! Em todos os sentidos (lol). Vira e mexe, nós sempre voltamos aos velhos hábitos, aqueles que pensamos nunca mais cometer e momentos que nunca imaginaríamos passar novamente. Eu posso ter passado coisas que hoje em dia eu não passaria se pudesse escolher, mas foi algo incrívele e que eu sou muito grato por ter vivenciado. Podemos até não gostar mais de certas coisas, mas revivê-las pode ser bem interessante.

UMA ÚNICA VEZ!!! Pelo amor...