Sobre momentos e cordas.
- Emanuel Moraes
- 25 de abr. de 2015
- 4 min de leitura

Há dias na vida que nada mais parece fazer sentido. Que o que estamos fazendo há anos, seja lá o que for, de nada valeu.
Que o que sentimos durante tanto tempo, que os sonhos que alimentamos com tanto cuidado, que as promessas que fizemos a longo prazo, já não são tão especiais e inquebráveis como antigamente.
Resumindo, há dias que nos sentimos um lixo. Por não realizar aquilo que planejamos. Pelo o que sempre sonhamos nunca ter dado certo. Pelas pequenas coisas, que para outras pessoas é tão normal conquistar, mas parece que para nós está mais para a nova Guerra Mundial. Ou cósmica.
Eu não vou dizer agora para você se levantar e buscar o lado bom. Até dormi aqui com essa frase. Não vou dizer, pelo fato de que é realmente decepcionante, só quem sabe de toda a sua luta para realizar seus objetivos que se mostraram falhos, sabe como é frustrante e como acabamos nos culpando inevitavelmente. “Ah, mas pode não ser nossa culpa, ás vezes não era para acontecer”, é, pode ser também. Mas se ficarmos sempre tirando a culpa de cima dos nossos ombros, como vamos aprender o que devemos fazer? Qual o caminho certo para seguir? Como podemos ter qualquer tipo de perspectiva, se ficarmos o tempo inteiro culpando os astros e cosmos por algo não ter acontecido?
Realmente, algumas situações não eram para acontecer. Mas muitas perdemos por nossa plena e maravilhosa culpa. Preguiça demais. Alienação extrema. Cegueira momentânea. Achismos e comodismos. Somos campeões em perder momentos. Todos nós algum dia perdemos em um segundo uma ótima oportunidade: de amar, de ser feliz; de trabalho; de uma viajem, de viver ao lado de alguém por mais um tempo. Achamos sempre que vamos ter mais uma chance. Que somos dignos do nosso destino resplandecente. Que se não deu, é por não fazer parte do nosso caminho. Talvez era para ser, seja lá o tempo que iria durar, mas nos privamos de mais um momento de aprendizado e que talvez pudesse por um tempo mudar nossa vida. Deixamos muitas coisas deslizarem pelos nossos dedos com muita facilidade.
Momentos são como cordas. Ás vezes as arrebentamos por pura displicência.
Então um dia, inevitavelmente, tiramos um tempo para pensar em nossas realizações e se o que conseguimos até agora valeu a pena. Você vai pensar que não. Que a maioria não te serviu para quase nada, que sem alguns momentos a sua vida poderia ser melhor, que sem alguns fios desse violão que é a nossa vida, talvez alguns sonhos pudessem ter sidos concretizados. Mas pense que a música desse violão, que sintetiza toda a sua vida, poderia não ser a mesma ou até mesmo pior. Cada corda – desgastada, quebrada, nova – formam o som especial e único que é a sua vida, e cada uma lhe trouxe uma experiência em momentos especiais e pessoas incríveis. Talvez nem tudo tenha sido um mar de rosas. Mas o que é na realidade? As experiências são feitas de coisas boas e ruins, assim nós nos moldamos e nos tornamos quem somos.
Não está feliz com o que tem? Com quem é? Você pode mudar ainda. Você pode começar um novo caminho. Não vai ser fácil, tenha isso em mente. Mas você pode mudar a sua vida, é só aceitar viver esse momento e não deixar passar. Agora sim eu digo: Levante e faça acontecer. Não levante apenas por ser algo certo a se fazer, e então fique mais perdido do que já estava. Levante com garra e força de vontade. Monte um plano e vai atrás. E, apesar de achar que algumas coisas possam ter acontecido em vão, acredite quando eu digo que não foi. Você pode ter perdido algumas coisas em vão, mas nunca passou por coisas que ao menos não lhe trouxe algum tipo de conhecimento. Use-os.
Dias tristes sempre existirão. Dias existencialistas vão acontecer com frequência, conforme os anos passam e você fica mais preocupado com a sua parte nesse universo infinitamente imenso. É normal, não se preocupe. Mas não deixe esse momento durar. Esse momento você tem que deixar passar e tentar ser um pouquinho otimista. Não ao ponto de ficar bobo e achar que o mundo está aos seus pés e que tudo acontece num estalar de dedos. Mas ao ponto de você se animar em fazer acontecer. Não é um discurso motivador. Pelo menos não é esse o intuito. É algo para você pensar, pois tudo bem que algumas coisas não saíram da forma desejada e no tempo planejado. Tudo bem que alguns sonhos tiveram que ser adiados ou, até mesmo, trocados por novos. Está tudo bem. E está tudo bem, você não ficar bem, quando tudo não estar bem. Entendeu meu bem? Mas levante e afine essas cordinhas, reclamar e ver tudo passar pensando que você já fez de tudo para acontecer, não vai adiantar. Não falo isso apenas para vocês, tudo que escrevo aqui serve de lição para mim mesmo.
Está na hora de fazer você acontecer. Agarre esse momento e crie novas cordinhas.
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