Os melhores momentos de pessoas que ainda não nos tornamos.

Nível de embriaguez para começar: 5 Chopps de 500ml.

Falar do passado nunca é fácil.

“Agora eu tive o melhor momento da minha vida

Não, eu nunca me senti assim antes

Sim, eu juro, é verdade

E devo tudo a você

Porque eu tive o melhor momento da minha vida

E devo tudo a você.” - Bill Medley(I've Had) The Time of My Life (feat. Jennifer Warnes)

Sim, você tem toda razão de achar esta música cafona e antiga. Mas pense comigo; Quantas vezes você pensou isso sobre alguém ou, até mesmo, sobre alguma coisa em sua vida? Quantas vezes você achou que aquele era o momento da sua vida? Quantas vezes achou que aquela coisa ou pessoa era para sempre? Quantas vezes você achou que, VOCÊ MESMO, era para sempre? QUANTAS VEZES VOCÊ NÃO ACHOU ESSA MÚSICA FODA? QUAL É? CONFESSA!

Complicado não é? Senta aí, pega uma cervejinha e uns petiscos que eu te explico.

Os adolescentes sempre debocham de nós, o povo dos vinte e poucos anos e que já são considerados velhos e ultrapassados, por não sermos tão diferentes deles e que não sabemos tanto quanto aparentamos saber. Na verdade, ás vezes nem sabemos mesmo, mas mesmo assim os olhamos com aquele olhar exausto e soltamos a frase: “Filho, quando você chegar na minha idade...” – Fala a verdade, chega a preencher o peito de satisfação, afinal, isso é uma das únicas coisas boas depois de tanta merda que aconteceu nessa jornada do carai que é a nossa vida.

Pequena pausa para um gole de cerveja e pensar no que ainda está por vir... MEU DEUS... passou, passou...

Frase de mim mesmo aos 35 anos de idade: “Filho, quando você tiver a minha idade...”.

A realidade é que, o pior, sabemos de algumas coisas sim. E uma delas é que nada, absolutamente nada, é para sempre. E aqui vamos focar em nossos gostos. Já parou para pensar no quanto você mudou? Em cada coisa absurda que você gostava antes? Roupas. Músicas. Pensamentos que COM TODA CERTEZA MUDARAM. Gente, teve coisa do mês passado que hoje eu não gosto ou penso igual. Imagina de quando eu era adolescente... HÁ! Puf!

Esses dias eu parei para lembrar sobre uma das minhas primeiras festinhas avassaladoras de quando eu era adolescente. Era na casa de um dos “ficantes” da minha amiga – SIM, FICANTES, PLURAL – toda a galerinha do mal estava lá – rindo dessa denominação que nós nos dávamos, ai, que idiotas – teve gente transando no quarto, gente vomitando da sacada e um mendigo de boca aberta na rua...

- Queridos, na época nós riamos feitos idiotas sobre aquele acontecimento nojento, mas hoje penso na fome que talvez aquele homem poderia estar sentindo enquanto estávamos sendo apenas adolescentes. -

...Mas o caso é que, de tudo o que aconteceu, eu pensei: “Puta que pariu, eu estava usando uma calça de ginástica cinza clara, com uma camisa polo amarelo ovo e tênis All Star também amarelo. CRIANÇA, CADÊ SEU SENSO DE MODA MEU AMOR?”.

Uma das festas mais importantes da minha vida e eu usei uma das piores roupas que já usei na minha vida. Quem eu pensava que era? Um Rapper famoso? Só faltava as correntes grossas no pescoço.

Eu sei que é algo fútil. Mas é para ser fútil. Entendem? Como aquela banda que você morria de amores e hoje você escuta e nada daquilo faz sentido. Ou quando você se matava para ir em lugares super lotados, e não ligava de ser massacrado por braços e pernas que apareciam de todos os lados. Talvez você que esteja lendo ainda goste disso, mas eu já deixei esse momento FESTA A CIMA DE CONFORTO láááá nos meus 19 anos.

Eu estou ficando velho mesmo, e não só na idade, mas mentalmente não ando com vontade e paciência para muitas coisas. Esses dias eu me peguei falando sozinho enquanto enchia meu copo de água depois de uma ressaca brutal de apenas 4 cervejas. Meu corpo não aguenta mais nem duas míseras duas noites seguidas de barzinhos e baladas. Toda vez que eu vou sair eu penso antes: “Balada? Que tal uma reuniãozinha com umas comidinhas e bebidinhas? Tão mais legal”.

Jovens queridos ou amantes de baladas inveterados, não há nada de errado em badalar, só que há um momento em que você não vê mais graça naquilo. Para mim esse momento já chegou. Não importa o lugar que você vá ou quem está no local, são sempre os mesmos tipos de pessoas com rostos diferentes, e ás vezes até os rostos são parecidos. É sério. Chega a dar medo, porque você fica pensando qual o rumo que você está tomando. Se não está na hora de ter costumes diferentes e mudar a página.

É inevitável o momento em que você está no meio da pista de dança e de repente, como se tivesse levado um choque, sente o corpo ficar mais leve e desanimado, enquanto seus olhos começam a varrer o lugar a sua volta. “O que eu estou fazendo aqui?”. Essa frase se encaixa em vários momentos diferentes em nossas vidas. É tipo a frase mágica de uma eminente flopada ou de uma mudança radical.

É como aquela jaqueta velha ou aquela amizade que você está arrastando durante um tempo. Porque ainda está com ela? Só por no passado ter te deixado legal e quente durante aquele tempo? Mas agora você nem a usa com frequência. Na verdade, se parar para pensar, só está ocupando espaço. Mas você fica pensando “Cara, fez parte de um momento fodido da minha vida”. Mas já é passado. Você mudou. O tempo passou criança.

E olha que legal. Nós mudamos. E nós percebemos que mudamos e aceitamos isso. Algo que, antigamente, era impensável que poderíamos mudar de opiniões e gostos e deixar muitas coisas para trás. A nossa mente criava sempre um mundo que SE VOCÊ MUDAR DE OPINIÃO É PORQUE VOCÊ NÃO É ORIGINAL OU UM COMPLETO IDIOTA POR NÃO SE MANTER FIRME NO QUE ACREDITA. A realidade é que se você não mudar com o tempo, você se torna tudo isso e muito mais. Conforme nossa vida muda, nós precisamos mudar com ela. “Ai Manu, que coisa mais óbvia”. Sério? Eu tenho a coragem de admitir que ás vezes eu esqueço disso. Que ás vezes me apego a coisas que não devo.

Foram vários melhores momentos das nossas vidas que passaram, dando lugares para outros momentos e outras pessoas para compartilharem eles conosco. E cara, como eu tive gente compartilhando eles comigo. Se eu for parar para pensar em cada uma delas, e cada história que passei com elas, com toda certeza não lembrarei de todas. Então, se você for uma delas e lembra, quero dizer muito obrigado, pois fazer parte da vida de alguém – seja qual tempo durou – é algo esplêndido. E eu tenho o maior orgulho de ter participado da sua. Essas histórias nos trouxeram até aqui. Nos moldaram. Apesar de muitas coisas não prolongarem no nosso caminho, elas fazem parte de nós, pois o passado ainda nos pertence. É a nossa história, e isso é importante. Nunca desdenhe.

Apesar de eu querer dar um peteleco naquele moleque de cara redonda de 15 anos, com camisa e tênis combinando – revirei os olhos agora – eu daria um enorme abraço nele e diria: “Você não tem noção das coisas que você vai passar e do quanto vai mudar garoto. Mas eu não poderia estar mais orgulhoso de quem você se tornou apesar de tudo. Agora joga esse tênis fora, você nunca mais vai usar ele mesmo”.

Esses dias minha mãe me perguntou de bobeira com um sorriso no rosto: “Você se lembra de quando era pequeno e sempre trazia uma flor da rua para mim quando voltava da escola?”.

Quando coisas supérfluas da nossa vida ficaram mais importantes para serem carregadas, do que os pequenos gestos que apagamos rapidamente da nossa memória? Quando uma festa animal ou uma roupa que usou, se tornaram mais importantes do que o sorriso que você proporcionou a pessoa mais importante da sua vida?

Eu quase chorei na hora que ela me perguntou, pois eu tenho uma vaga lembrança desse ato que na época era cotidiano e natural. Saí da sala o mais normal que pude após dizer casualmente que não me lembrava, sem demonstrar que aquilo havia me atingido diretamente no estomago. Mas me fez pensar, que talvez eu nem saiba quais realmente foram os melhores momentos da minha vida. Que talvez eu nem saiba quem foram as pessoas que participaram deles.

Você lembra? Você tem certeza de que são esses momentos e pessoas que acabaram de aparecer em sua mente? Tome um tempo, pegue mais uma cervejinha e pense bem. E olha que engraçado, você pode ter participado dos melhores momentos da vida de alguém e nem sabe. Ou não se lembra. Mas você os vivenciou e um dia será lembrado deles. Talvez alguém se lembre disso e você nem faz ideia de que foi importante para ela.

É queridos companheiros de boteco. Um dia tudo perde a graça. Aquela bolacha deliciosa que comia toda manhã, agora tem gosto de papel. Aquela mistura de iogurte, cereal e pedaços de banana, já não parece tão apetitosa. Talvez aquela primeira vez não tenha sido tão brilhante como você se lembra. Um dia você acorda e simplesmente já não é o mesmo do dia anterior. Na maioria das vezes percebemos apenas ao longo do tempo, quando aquela criança no sofá assistindo os desenhos da manhã de sábado embaixo do cobertor, é apenas uma imagem distante e saudosa. Quando tudo ficou tão confuso? Bom, isso é papo para outra mesa de bar.

Quando piscarmos os olhos, estaremos olhando para trás daqui a 10 anos, talvez exatamente neste momento de nossas vidas, e pensaremos: “Se você soubesse o tanto que ainda está para acontecer”. E sabe de uma coisa? Não vejo a hora de ter a honra de chegar neste momento, mas até lá, vou levando a vida nesse meu tempo. Agora eu tenho as coisas que eu gosto. Agora eu tenho as coisas novas que quero experimentar. Agora eu tenho que rever algumas atitudes que eu gostaria de retomar. Agora eu quero olhar no espelho e dizer: “Piá, você conseguiu se tornar exatamente quem sempre quis ser, alguém para sentir orgulho”. Então chegar lá na frente e poder dizer a mesma coisa para uma pessoa talvez totalmente diferente da que eu sou agora.

Por que agora, são essas coisas que fazem sentido em minha vida. Talvez amanhã elas não façam mais.

E você que está aí lendo, talvez desanimado por este momento não estar sendo muito animador e querendo que outros dias voltem, tenha certeza de que há mais melhores dias por virem. Eles sempre vêm.

A conta, por favor!

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