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Vem confabular aqui

Deixando de ser a primeira opção.

  • Foto do escritor: Emanuel Moraes
    Emanuel Moraes
  • 8 de jul. de 2015
  • 4 min de leitura

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Que nós mudamos com o tempo, isso todos nós sabemos. Um dia amamos comer alguma gororoba inventada, geralmente quando somos crianças ou adolescentes, e no outro já não suportamos nem olhar para aquela coisa estranha de consistência duvidosa. Mas pode ser que não pensamos em tudo o que pode mudar ao nosso redor.


Não pense que as únicas coisas a mudar é você e sua vontade de fazer algo ou não.


Venho a algum tempo pensado em minha pré-disposição a noitadas em baladas barulhentas, com pessoas que se parecem com as mesmas de anos atrás e a mesma coisa acontece com as músicas. Aquele misto de sensação de saber que a música é nova, mas parece uma releitura quase idêntica de uma de quando você começou a sair na noite.


Muitas vezes me sinto “velho”, no sentido de estar desmotivado e preferir mil vezes ficar em casa assistindo filme, do que ter que aguentar um bando de bêbado de 18 anos de idade me emburrando em lugar lotado e escuro. E se não são jovens totalmente embriagados, são aqueles tiozinhos de quase quarenta anos empoleirados nos camarotes da vida, com um balde de bebida que solta faísca para chamar atenção de meninas que poderiam ser a filha deles. Só em pensar em me arrumar para ver esse tipo de pessoas, hoje em dia, não me parece nada atraente ou uma troca justa com o conforto da minha cama e o prazer que terei com meus filmes.


Mas o caso é que as pessoas esperam que, por você estar solteiro, seja um baladeiro ávido e pronto para tudo. Não é bem assim. Eu, por exemplo, comecei a sair muito cedo e muita coisa já não tem mais graça. Não que ás vezes eu não goste realmente de ir a uma balada e dançar, não é isso. É que não é mais como antes, aquela vontade incansável de ir todo final de semana para esses lugares com jogos de luz, com o poder de te transformar em um epilético. Ás vezes, acabamos indo apenas para não ficar sozinho em casa e por se obrigar a socializar.


Só que eu estou na época de algo realmente mais social, no estilo de barzinhos, restaurantes e reuniões em casa que dê chance para conversar. Mas meus amigos solteiros só querem se acabar na noite, então eu vou, mas na maioria das vezes tenho que me esforçar para me divertir e fingir felicidade com metade de uma garrafa de bebida, ou fico com uma cara bezerro que se perdeu o rebanho. Não é uma feição bonita. Não mesmo.


Então, em alguns anos, de baladeiro cogitado, passei a ser a pessoa que as pessoas chamam quando lembram. Eu poderia ficar chateado quanto a isso, mas quando eu lembro dos programas que eles fazem, os mesmo que eu fazia a cinco anos atrás, eu me enfio de baixo do cobertor e dou graças a Deus por não me chamarem. Mas é chato, pois eu começo a perceber – na verdade uma opinião mais do que formada – eu não tenho mais amigos que me chamam apenas parar conversar e jogar papo fora. Aqueles amigos que marcam qualquer coisa apenas para ficar perto, muitas vezes dentro do seu quarto sem falar nada, cada um no seu celular e mostrando o que acha engraçado ou interessante para o outro. Mas estão ali, curtindo nada juntos. Sinto falta desse tipo de amizade, que hoje, vejo que está extinta da minha vida.


Os amigos de reuniões e jantares, estão namorando ou casados, esses nem cogitam em me chamar para fazer algo. Acho que quando você entra em um relacionamento, deve ser engolido por um universo paralelo onde só tem casais e ficam olhando os solteiros com aquela cara de “Tcs, você se lembra quando éramos assim, amor?”. Ás vezes falam isso apenas por maldade, só por sentirem inveja e falta da vida de solteiro e cheio de balada. Já aviso, tá a mesma merda e depois de um tempo enche o saco. Pronto falei. A pura verdade.


Então, é bom deixar de ser a primeira opção de certas coisas, mas eu sinto falta da prioridade da amizade de verdade. Sinto falta de amizade de verdade. Ser chamado para baladas e festas, isso já não faz parte da minha vida por vontade própria em uma mudança de hábitos gigantesca, mas isso pode estar afastando as pessoas de mim. Eu sei que essas pessoas se afastam, então é o melhor, já que não estamos na mesma página. Mas é essa a questão, é triste saber que hoje em dia a amizade de balada vale mais do que a amizade de ficar sem fazer nada juntos.


Mas acho que é assim, pode ser que da mesma forma que deixei de gostar de baladas sem noção e emoção alguma, com pessoas que muitas vezes nem conheço e com “amigos” que quase nem converso a não ser para falar sobre as pessoas que não conheço. As pessoas deixaram de gostar de amizades significativas e estão a procura de alguém para namorar, para então rir dos solteiros em programas mais tranquilos e dizer para si mesmos que estão melhores assim. Eu poderia me sentir frustrado com as pessoas que me chamam para fazer algo quando ninguém mais quer, ou que me procuram apenas para contar algo que os outros já estão cansados de ouvir, mas dou graças a Deus por ter a escolha do que fazer. Pois, parece que quando estamos na "ativa", parece que temos que aceitar tudo para as outras pessoas não ficarem chateadas. Há uma certa pressão em ser sempre pronto para a próxima festa. É exaustivo. Mas ao mesmo tempo, sinto como se as pessoas deixassem de se importar comigo. Provavelmente, deixaram de se importar com o que realmente importa. Pelo menos na minha visão. O que é triste.


Tcs, em todo caso, estou melhor com o Netflix.


 
 
 

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