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Vem confabular aqui

Quando tudo ficou tão confuso?

  • Foto do escritor: Emanuel Moraes
    Emanuel Moraes
  • 27 de jul. de 2015
  • 5 min de leitura

Eu tinha uma linha. Sabe? Eu tinha tudo certo em minha mente. Há cinco anos eu sabia exatamente quem eu queria ser, o que eu queria fazer do resto da minha vida e principalmente onde eu estaria dali a cinco anos. Nada, absolutamente nada, aconteceu do que eu imaginava naquela época. Eu, além de me tornar uma pessoa totalmente diferente daquela de 21 anos, me tornei algo muito mais diferente daquela que eu idealizei. Nasa, absolutamente nada, havia me preparado para tudo o que estava por vir.


Escolhas nos fazem e nos modificam, essa é uma lei da vida. Em algum momento isso fica muito mais claro, geralmente de uma forma desastrosa. Olhando para trás não consigo dizer quando exatamente tudo mudou. Quando eu deixei de ser aquele cara que acreditava em si mesmo em qualquer situação, que via o lado bom de tudo e que acreditava que o tempo estava ao seu favor. Acho que foi acontecendo aos poucos. Acho que sempre aconteceu, só que, nos últimos anos, a maneira que ocorreu foi mais significativa e de proporções maiores.


Eu acreditava em amizades verdadeiras e que elas duravam para sempre, de alguma forma, seja lá como a amizade seria, aquelas pessoas permaneceriam em minha vida. Nenhuma delas faz mais parte da minha vida. E cada vez que o tempo passava, e eu encontrava mais pessoas pelo caminho, elas foram sumindo com a mesma rapidez que chegavam. Deduzi que pessoas são simplesmente passageiras, que cada vez mais, elas não se importam em ficar. Ou talvez eu não esteja acostumado com pessoas que não se importam tanto com as outras e chamam isso de amizade hoje em dia. Isso é umas das coisas que sinto falta do passado, por mais que eu não fale com mais ninguém de antes, naquela época a amizade deles eram muito maior do que as que eu tenho hoje em dia. Isso é estranho. Me deixa inseguro. Me deixa com aquela sensação de que não importa quem entre em minha vida, de qualquer maneira, ela irá sair. E estou cansando das pessoas desistirem. Quando alguém vai lutar para ficar? Você não sente falta disso? De alguém que lute com todas as forças para ficar? Eu sei que é meio Disney, mas não é algo irreal. Pelo menos não deveria ser.


Acreditava que seria fácil alguém como eu conseguir o meu emprego dos sonhos e que estaria levando uma vida incrível e independente. Nossa, independência. Eu sempre fui uma pessoa independente e na faculdade não via a hora de me ver realmente livre. Até que tudo mudou. E me deixou da mesma forma que estava antes, dependendo de tudo e todos. Ter isso tirado de mim, quando eu mais queria e precisava, foi a minha verdadeira derrota. Eu pensava que hoje estaria quase me casando, era uma possibilidade, ou viajando muito e aprendendo diversas culturas diferentes. A realidade é que, mesmo eu não querendo, fui perdendo o gás em cada topada que eu fui dando pelo caminho. O caminho que eu delineei desde o início e que, por mais que muitas coisas tenham saído do controle e mudado, ainda estou tentando segui-lo por esta outra maneira. Mas acho que eu tenho que trocar totalmente de rumo.


Já parou para pensar o quanto é difícil mudar tudo? O quanto é difícil deixar para trás tudo o que conquistou? Começar do zero...


É difícil encarar as inevitáveis cobranças exteriores, as inúmeras cobranças para ser alguém nesse mundo onde a maioria faz parte dos “Ninguéns”. O mais difícil é encarar as próprias cobranças, se olhar no espelho e talvez não se reconhecer. Ver aquele reflexo insatisfatório da pessoa que você sempre temeu se tornar. Alguém que não tem a mínima noção de quem é e/ou de que caminho tomar. Tão imerso na confusão de tantos caminhos desajustados, decisões destrutivas e rostos cada vez mais borrados, que não consegue encontrar uma única saída.


Eu tenho tantas saídas, mas eu não consigo me ver feliz em nenhuma. Eu ainda estou com uma imagem de mim mesmo, uma versão daquela que eu tinha a cinco anos, diferente mas no mesmo padrão. Estou começando a achar que aqueles objetivos não são feitos para mim, eu já conquistei as escadas necessárias e mesmo assim parece que não saí do lugar. Que todo o esforço não serviu para nada. Pelo menos não para chegar onde eu sempre almejei. Talvez esse ideal não seja o certo.


Mas nem tudo foi uma compilação de decepções. Até porque eu aprendi com elas. Mas eu descobri outras formas de ser quem eu quero ser, por mais que ainda precise quebrar alguns espelhos, sei que existem maneiras de seguir em frente. E que está tudo bem nada ter saído da forma que planejei, de ser difícil conseguir alguma coisa que valha a pena. De alguém realmente aparecer e dar valor, assim como compreender que é tudo muito difícil, fodido e dramático. É tão fácil se perder. O difícil é se encontrar. É frustrante. Mas é uma jornada gratificante.


É fácil se depreciar, olhar e ver que tudo o que fez não te levou até onde queria. É mais fácil do que ver que você não foi para onde queria, mas saiu do lugar, fez algo com a sua vida e acrescentou de alguma forma. Aprendeu de alguma maneira. Viveu da forma que tinha que viver. É mais fácil reconhecer a falha nestas situações, principalmente quando você é metódico, do que ver o quanto conseguiu apesar de não estarem nos seus planos. Claro que muitas vezes temos que sair da nossa zona de conforto, mas ás vezes temos de reconhecer que fizemos o que deveríamos fazer. Fizemos o nosso melhor.


Tudo ficou extremamente confuso. Novas metas. Novos planos. Novos gostos. Novo “Eu” para ser descoberto. Novas expectativas. Novos desejos. Mas esse novo confuso é algo bom. É o mesmo confuso de antes, mas direcionado de uma forma diferente. Ao invés de olhar o passado e ser pessimista com tudo, eu o virei para olhar para todas as opções que estão a minha frente e nas aventuras que estão por vir. Não é fácil trocar a visão. Isso eu te digo, essa tarefa não é nada fácil. Mas quando você consegue, quando para de sentir pena de si mesmo e supera o “fracasso” que teve – ou pelo menos acha que teve –, consegue direcionar a visão para onde bem entender e vivenciar de verdade isto.


Vai ser difícil. Engatar novos caminhos e lutar por algo que você não sabe se dará certo, como aconteceu anteriormente com seus outros objetivos. Mas quer saber? Você já passou por isso, sobreviveu, então vai ficar tudo bem. Se perder faz parte de se encontrar.


Então hoje eu posso não saber exatamente quem sou, ou para onde estou indo, ou o que fazer com tudo o que tenho em mãos. Mas eu sei que sou melhor do que aquele menino que não ligava para nada, que sei muito mais do que ele, que conquistei muitas coisas e que talvez seja melhor do que o cara que ele idealizou. Eu aprendi a sentir orgulho de tudo o que faz parte de mim. E o mais importante, aceitar que isso tudo – o passado, as decepções, o presente, as conquistas, o futuro, os desejos – me fazem ser quem sou. Uma bela de uma confusão, mas eu me encontro nela.


Nunca deixe o medo de errar impedir que você jogue. – Albert Einstein.

 
 
 

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